terça-feira, 19 de agosto de 2008

A farsa das eleições municipais e os candidatos bairristas: os frutos podres da nossa ignorância!

Há pouco tempo tive oportunidade de ler um pau-mandado do Max Lemos justificando a debandada de alguns vereadores que concorrem por sua coligação. Oficialmente, concorrem por ela, ainda. Mas, pelas ruas, andam com o prefeito da cidade, puxando votos para ele. O motivo, é claro, foi o não cumprimento, por Max Lemos, de prome$$a$ de apoio para suas campanha$... O prefeito aparentemente cubriu o lance, e eles agora "trocaram de lado". Bem... Trocar de lado não é a expressão adequada, posto que cada um destes candidatos continua do lado que sempre esteve: do seu.

Isso me fez refletir sobre toda essa farsa que são as eleições burguesas. Sobretudo as municipais, com os candidatos bairristas de sempre...

Vamos lá... É quase uma "receita de bolo"...

Pegue um sujeito popular em alguma localidade: não precisa ter posses ou qualquer vocação para a vida pública, basta, tão-somente, ser bem conhecido, popular.

Convença-o que ingressar na política pode ser uma grande jogada... Tipo loteria: vai jogar o jogo, se der, deu! Convença-o que, se não for dessa vez, não faltarão oportunidades no futuro: o importante é lançar o nome na praça, começar a construção para as próximas eleições, etc.

Se ele não dispuser de posses, prometa-lhe ajuda no material de campanha e, é claro, uma "merendinha" para ele puxar votos para o seu candidato a prefeito.

O sujeito vai ser eleito? Não, claro que não! Mas irá tirar muitos votos de outros candidatos, porque muita gente vai votar nele por consideração... Sabe como é, "o cara é legal"... Outros irão votar nele -- e talvez até o ajudem a se divulgar! -- com interesse em ter um amigo na Câmara, o que é sempre útil para obter alguns privilégios.

Agora vem o pulo do gato: além de tirar votos, esses candidatos "bairristas" servem para puxar votos válidos para a coligação. Isto aumenta o coeficiente eleitoral da coligação, o que irá ajudar a barrar candidaturas independentes (como o PSOL) ou de outras coligações menores (como a atual PT/PV).

Com um maior número de cadeiras assegurada para a coligação, esta irá colocar nas mesmas os seus candidatos mais votados, que -- em tese -- são quase sempre aqueles que têm muita bala na agulha para queimar na campanha eleitoral.

Assim, o incauto eleitor vota em quem quer e ajuda a eleger quem não quer por desconsiderar a principal informação: a que partido (ou coligação) pertence o candidato "bairrista" em quem ele pretende votar.

Pois é: pasmem! Todos os candidatos dizem que não, mas o importante, na verdade, não é o candidato: é o partido (ou coligação) à qual pertence.

Acrescente-se a essa receita alguns ingredientes extras, como por exemplo compra de votos, favores e promessas de favorecimento ou currais religiosos e de milícias e pronto: a receita irá render uma péssima representação parlamentar, geralmente ávida por saquear os cofres públicos...

É importante também lembrar dos votos brancos e nulos, das abstenções... Tudo isso deixa a valor do voto mais "barato". Na última eleição, o "Pudim" do Anthony Garotinho (PMDB) estava pagando R$50,00 por voto, segundo se apurou. Nessa, diante de tantos nulos e brancos, o valor deve cair para R$40,00.

Pensem bem: com R$40.000,00 (quarenta mil reais) se podem comprar pelo menos mil votos. É um bom investimento, levando em conta os "benefícios" futuros, sem contar salário e outras benésses...

Melhor ainda quando já se está no poder... Nesses casos, quase sempre o sujeito não tira um único real destes R$40.000,00 do bolso, porque já desviou muito mais ao longo do mandato.

Entenderam a malandragem?

Pois é... E depois dizem que "ronda" é que é jogo de bandido...

Mas isso é pior. "Ronda" até criança entende.

A treta é essa... Funciona exatamente assim. Nossa "democracia" é uma farsa.

Possibilidade de mudança? Só com uma ampla reforma política. Que, aliás, nunca irá acontecer no que depender dos políticos. Afinal, porque iriam mexer no sistema que lhes garante vantagens?

Se houver reforma política, algum dia, será porque o povo foi às ruas para lutar por ela. Mas o povo, hoje, não compreende isso. Ao contrário: não lhe faltam são sugestionamentos fascistas, por parte da mídia, para que se convença que a saída para essa pouca-vergonha seria uma boa e velha ditadura militar de extrema direita...

A qual, historicamente, foi a mãe de todos esses que hoje, "democraticamente", governam esse país... E, é claro, do sistema que os mantém no poder.

Talvez alguém queira refletir sobre tudo isso que eu disse aqui. Talvez alguns já o estejam fazendo agora. Resta-me a esperança...

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